segunda-feira, 4 de abril de 2011

AAPAL - O ESPÍRITO NOVO: PARA QUE SERVE - FUNÇÕES DOS DIRIGENTES - PAPEL DOS SÓCIOS

Da experiência dos almoços-convívio entre ex-professores, ex-alunos e ex-funcionários da EICL durante vinte e cinco anos, germinou “a ideia da criação de uma associação que congregasse os antigos professores e alunos do Lobito, abrangendo todos os estabelecimentos de ensino ali existentes” (Nanda Almeida, Boletim Informativo nº 1: 3º Trimestre 2010, página 2, sublinhado meu) e não apenas a Escola Comercial e Industrial do Lobito. Se bem concebida, mais bem concretizada foi a ideia de fundar a AAPAL. 
Entretanto têm aparecido expressões camufladas e explícitas de membros da AAPAL que reflectem, às vezes, algum mal estar e conflito, como refere Nanda Almeida (ibidem) ao escrever: “não serão algumas manifestações de critica destrutiva, entretanto surgidas, que nos farão desviar dos objectivos que quisemos abraçar com convicção e denodo”. Isto fez-me pensar, trouxe-me à mente dois acontecimentos: um vivido por mim no Lobito e outro que ocorreu nos Estados da América.
Pouco tempo depois de ter chegado ao Lobito e ter começado a dar aulas no Liceu, apercebi-me que havia uma rivalidade nada sadia entre os alunos e alunas das várias escolas do Lobito, bem como entre os alunos e alunas dos Liceus do Lobito e Benguela, e até entre os diversos bairros da cidade - uma dimensão cultural enraizada em estereótipos e preconceitos.
Para fazer face a tais situações e alterar uma tal cultura relacional da malta nova, propiciadora de atitudes radicadas em preconceitos geradores de comportamentos de que ninguém se devia orgulhar, concebi e promovi diversas actividades, passeios, encontros… Os Passeios ao Gama com diversas actividades e jogos de interacção, a que ia gente do Lobito (Liceu,
Escola, Colégio Camões, …), Catumbela e Benguela (Liceu, …) são disso um exemplo. Existem suficientes fotografias dos Passeios ao Gama que o atestam. Ali ocorreram muitos encontros pessoais com adolescentes e jovens que não eram do LALA (a que eu especialmente estava ligado por lá ser professor), e aí nasceram muitas amizades. Disso fui testemunha e também comigo ocorreram. Amizades que ainda hoje persistem, como, por exemplo, com a Teresa Abreu e o “Nini”, ambos da Escola Comercial do Lobito. Os Encontros da Cabaia (zona próxima do cinema Flamingo) obedeceram também à mesma lógica e estendiam-se intencionalmente a adolescentes e jovens para além do LALA (minha base para as iniciativas circum-escolares). 
No entanto nunca pensei que desses e outros projectos circum-escolares, então concretizados, adviessem resultados muito evidentes ou muito palpáveis na perspectiva por mim intencionada, mas - que me lembre - nunca revelada. É muito difícil mudar culturas deste tipo num pequeno espaço de tempo!
Quarenta anos depois, um dia deparei com o texto que a seguir transcrevo:
Quando tento lembrar-me das pessoas, sem dúvida que não lembro o Prof Jorge, o Dr Jorge, o Jorge... lembro-me do padre Jorge. Aquela figura sorridente do Liceu, da JEC que nos levava para os passeios, para os encontros, para tantas actividades que me deixavam feliz, confiante e senhora do meu destino… (Mila Mendonça, no site Cidade do Lobito).
 A este texto respondi:
Embora o objectivo com que organizava todas aquelas actividades fosse o que vivenciaste ("me deixavam feliz, confiante e senhora do meu destino"), nunca pensei que elas fossem tão eficazes contigo… e, não sei, se também com os outros teus colegas… Ainda bem! (Jorge da Silva Ribeiro, no site Cidade do Lobito).
Essa felicidade vivenciada nos passeios, encontros e em tantas actividades com jovens doutras escolas, doutros bairros e doutras localidades com quem interagiam pode gerar confiança, segurança, auto-estima, admiração, amizade… e um tal efeito provavelmente começou a dissolver preconceitos que cada um teria a respeito dos outros. E sobretudo o experienciar com esses outros satisfação, alegria, felicidade… contribuiu para se irem diluindo aos poucos essas tais rivalidades bem como possíveis complexos de inferioridade e superioridade… E o que é que constatamos hoje? O alargamento dos que iniciaram almoços-convívio entre ex-professores, ex-alunos e ex-funcionários da EICL a todos os estabelecimentos de ensino do Lobito; e mais… a criação formal da AAPAL, que não marginaliza ninguém, que inclui todos, em que já não há outros, mas nós. Ainda bem que as minhas expectativas foram superadas! Todavia parece, ainda, subsistirem alguns resquícios das velhas rivalidades (fermento velho)… nalguns membros da AAPAL. É pena que o espírito novo que criou a AAPAL, não informe todos os seus membros, quaisquer que sejam as suas funções e status dentro da associação. Compreendo que Roma e Pavia não se fizeram num dia… como soe dizer-se, mas já é tempo… e sobretudo depois do que aconteceu… que tanto afectou e, por vezes, muito dramaticamente a vida de associados…
O outro acontecimento a que me referi, no início, ocorreu nos Estados Unidos e refere-se ao que John Kennedy disse um dia ao povo americano: não devem perguntar o que é que o País pode fazer por vocês, mas o que é que vocês podem fazer pelo País.
Isto leva-nos a perguntar: (1) para que serve a AAPAL? (2) qual é a função dos seus Dirigentes? e (3) dos outros Associados?
À primeira pergunta, poderíamos provisoriamente convencionar que a AAPAL é um espaço onde antigos alunos e professores de todas as escolas do Lobito poderão conviver, encontrar e fazer amigos, partilhar vivências e ajudar-se.
À segunda pergunta, é fácil dizer a resposta, mas é difícil concretizá-la. A função dos Dirigentes é servir e não servir-se. Os ganhos secundários são proibidos, como objectivo intencional. Tal constituiria uma perversão da sua função. Não podem servir-se da AAPAL como um palco para se exibirem. A sua visibilidade só lhes pode vir por acréscimo: porque cumprem a sua missão com generosidade, com altruísmo, com abnegação, isto é, porque fazem tudo o que podem para proporcionar aos membros da AAPAL condições, ocasiões para conviverem, encontrarem e fazerem novos amigos, partilharem vivências e ajudarem-se, ou o que estiver definido ou vier a ser definido nos Estatutos. A gratidão, o reconhecimento, o encómio, a visibilidade, as honras só devem advir por acréscimo, porque a missão foi bem cumprida. Para os sócios fundadores da AAPAL vai a minha admiração e gratidão pela generosidade e coragem que demonstraram e demonstram ao criarem e desenvolverem a Associação que nos inclui a todos os que não andamos na EICL. A minha interpretação do facto é que estão a fazer algo que se insere no espírito que me parece semelhante ao que eu tentei, já lá vão mais de quarenta anos! Bem hajam!
Respondendo à terceira pergunta, diria que aos sócios incumbe sintonizarem-se com aquilo para que serve a AAPAL: um espaço onde antigos alunos e professores convivam, encontrem e façam amigos, partilhem vivências e se ajudem. Os associados desviam-se do espírito novo que criou a AAPAL, quando se servem da associação para continuar ou ressuscitar velhas rivalidades, para ajustar contas ou quando tentam “fazer figura” à custa da associação, quando criam mau ambiente, quando divulgam meras suspeitas não comprovadas, quando suscitam animosidades, conflitos espirais ou destrutivos. Tenham a coragem de se excluírem da associação, se não concordam, nem se querem conformar com o espírito novo que criou a AAPAL.
Psicólogo - Professor no LALA



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