sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MEMÓRIAS...

Antes de vos contar este episódio peço que me perdoem quaisquer possíveis lapsos de memória.
A professora Maria Luísa Afonso foi, durante alguns anos, a responsável pelas actividades da Mocidade Portuguesa Feminina na E.I.C.L. e na E.P.A.H. do Lobito.
Como era hábito todos os anos, em Dezembro no dia 8 (Dia da Mãe) distribuíam-se berços e enxovais de bebé, pelas mães carenciadas (sempre as houve). Alcofas, berços, ”chambres”, camisinhas, bibes, babetes, lençóis, fraldas, casacos de malha, toucas, almofadas, botinhas, xailes…
As peças passíveis de serem feitas palas alunas, eram executadas nas turmas sob a orientação das professoras da área.
Um ano houve, creio que anterior a 1967, em que a professora Maria Luísa Afonso teve de deslocar-se a Portugal, não sei se por razões de trabalho ou pessoais. Não podendo adiar essa viagem e estando próximo o Dia da Mãe tinha que decidir como cumprir com esse bom hábito da M.P.F.
Era uma mulher sensível, cordata, verdadeira que dava gosto ajudar mesmo que não o pedisse. Foi o que aconteceu comigo, que tinha nela uma das melhores amigas na Escola.
Naquele tempo era uma das ”prendas” de uma mulher os lavores femininos (bordar, costurar à mão ou à máquina, talhar, etc). Num impulso, prometi-lhe ter os enxovais prontos no dia previsto. Vá de pegar na tesoura, moldar, talhar, coser, bordar. Entretanto, só foi possível arranjar alcofas e não berços porque o tempo era escasso e o dinheiro também. Algumas alunas ajudaram na tarefa, cada uma como pôde e soube mas não me lembro se alguma professora também ajudou.
Na data prevista estava tudo pronto, depois de muitos dedos picados, calos nas mãos, algumas dores de costas, o habitual para quem não estava acostumado a trabalhar”a todo o vapor”. Como não havia telemóveis e telefones poucos, a Maria Luísa regressava em ânsias. Ela confiara mas, compreende-se, precisava de ver, não fossem “ficar mal“ a M.P.F. e a Escola.
Nunca esqueci aquele abraço! Fomos sempre amigas, sem escondermos o quer que fosse uma da outra, uma espécie de irmã mais velha para mim, que era a mais velha de cinco irmãos.
A última vez que nos encontrámos foi no convívio de 1995. Já não está entre nós mas, faz parte de algumas (não muitas) boas recordações do meu tempo de professora no Lobito. Há pessoas que ficam sempre “” por boas razões. A Maria Luísa é uma delas.

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