domingo, 26 de dezembro de 2010

EM JEITO DE DESABAFO

Cito Alberto Einstein “É mais difícil desfazer um preconceito do que um átomo”.
Desde que, em 2006, por convite que me foi feito por amigo que considero, aceitei dar continuidade aos convívios dos antigos professores e alunos da Escola Industrial e Comercial do Lobito que venho reconhecendo a validade da afirmação daquele famoso cientista.
Assumi aquela tarefa com elevado espírito de missão. Nada me foi pedido, nada me foi exigido mas impus a mim próprio a assumpção da responsabilidade das decisões que viesse a tomar, tendo em vista manter um convívio em que me revia, não abdicando de lhe dar o meu cunho pessoal, nomeadamente nos aspectos organizativos. Não sendo apologista do facilitismo e do habitual “deixa andar” tão característicos da nossa cultura, desde cedo me confrontei com alguns preconceitos bacocos, com deriva para a intriga. Curiosamente vindos de onde menos esperava...
Sabia que estava a ser escrutinado, mas esperava que o fosse tão só no que aos aspectos relacionados com a organização do convívio dizia respeito. Mas não, procurou-se atingir o homem.
Tive então consciência de ter entrado num “terreno armadilhado” e, provavelmente, mexido com “interesses instalados” que, à partida, não havia equacionado e cuja existência desconhecia. Provavelmente, também, “mexi” com egos exacerbados, para mim (ainda hoje) incompreensíveis.
Foi com mágoa que enfrentei essa situação e, algumas vezes, vacilei em dar continuidade à tarefa que havia aceite. Os meus pares na organização transmitiram-me a força necessária para continuar.
 Quando em 2008, na sequência de uma natural evolução, se decidiu abrir o convívio à participação de professores e alunos de outros estabelecimentos de ensino, fui, mais uma vez, o alvo preferencial dos habituais “velhos do Restelo” que, ciosos dos seus “pergaminhos” (?) me acusavam de “comportamentos desviantes”, geradores de uma descaracterização do convívio.
Em 2009 - querendo corporizar aquilo que me era manifestado por muitos dos antigos condiscípulos e até antigos professores - ao criar-se a AAPAL, surgem calúnias e julgamentos de carácter em que era eu o alvo preferencial. As calúnias, de tão delirantes e patéticas, desfaziam-se por si próprias, mas satisfaziam a “esquizofrenia” de quem as produzia.
Obviamente, estas situações também deixaram as suas marcas e, de novo, equacionei se valeria a pena tanto sacrifício, tanto empenho e dedicação por uma causa que, ao invés de satisfação pessoal e espiritual, me causava dissabores e profundas desilusões. E tive de recorrer à minha força interior para continuar.
Não me derrubam facilmente, mas TAMBÉM não estou “agarrado ao poder”. Essa posição está nos antípodas do que é a minha forma de viver. As “luzes da ribalta” não são o meu elemento natural e, por isso, não me encandeiam e não me roubam discernimento. Prefiro a acção à exposição. A qualquer momento me poderei afastar, sem mágoa, sem frustrações, mas com a consciência plena do dever cumprido e de ter feito o melhor que sabia e podia. Os meus (habituais) detractores podem perfeitamente perfilar-se para me substituírem, bastando para tal que apresentem projecto credível e em sede de Assembleia Geral da Associação.
Tudo o que suportei, tudo o que enfrentei, se necessário, voltarei a enfrentar. Com a frontalidade com que sempre enfrentei as diferentes (boas e menos boas) situações da vida. Não me abatem com intrigas, nem calúnias estapafúrdias. Compreendo os invejosos e os frustrados.
O que já não consigo compreender é esta estranha apatia que se apoderou de gente com responsabilidades, gente que poderia (e deveria) ser mais solidária, mais interessada pelas dificuldades dos outros. Não sei conviver com este estado de coisas. Magoa-me mais essa apatia do que as intrigas e as calúnias de que fui alvo.
A criação da AAPAL foi, para mim, um desafio em que me empenhei, mau grado o que tive de enfrentar. Mas não deve ser um desafio para apenas uma pessoa, nem para meia dúzia de carolas com carácter, que ainda se interessam pelo bem-estar comum. Deverá ser um desafio para muitos, bastando para isso que cada um assuma a sua quota-parte. Eu já assumi a minha. Gostaria que cada um de vós assumisse a sua!

(Sócio Fundador e Membro da Comissão Instaladora da AAPAL)

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