quinta-feira, 5 de maio de 2011

EM JEITO DE DESABAFO...

Nos dias que antecedem a data do nosso convívio anual é-me dada a oportunidade de analisar alguns comportamentos dos meus antigos condiscípulos. Comportamentos que, na maioria dos casos, para além de serem autênticos manifestos da falta de solidariedade, revelam alguma desconsideração pelo trabalho, pela carolice e pelo empenho e dedicação com que os elementos da comissão se entregam à organização do evento.
Não me vou deter na análise daqueles que, errada e persistentemente, acham que este convívio se pode realizar sem o rigor, o sentido organizativo e a preocupação com o pormenor que existe na sua preparação. Não me vou deter a analisar os que pensam que “há sempre lugar para mais um”, pretendendo, com esta atitude condenável, subverter os procedimentos que a organização adopta no sentido de salvaguardar os direitos daqueles que cumprem os prazos de reserva e fazem os pagamentos dentro dos prazos estabelecidos. Não vou analisar os comportamentos daqueles que dedicam escassos segundos à leitura da circular e dos procedimentos legitimamente adoptados pela organização – muitas vezes lidos na “diagonal” - mas que são os primeiros a terem atitudes despropositadas, invocando direitos que NÃO lhes estão consignados.
Poderia também deter-me na análise daqueles que antecipam pagamentos sem que os façam acompanhar das respectivas reservas, mas não o farei, tal como não o farei em relação aos que fazem pagamentos através de contas bancárias em que não são os primeiros titulares, convictos de que a organização consegue estabelecer a relação entre esses titulares e os que estão inscritos na base de dados. Em suma, dos que confiam nos “dotes de adivinhação” dos elementos da Comissão Organizadora, dotes que, infelizmente, não possuem.
Não vou aqui analisar as atitudes, por vezes despropositadas e exigentes, de quem tenha participado num outro evento anterior sem que se tenha dado ao cuidado de deixar os seus dados pessoais registados e, hoje, porque não lhe foi enviada a “desejada e ansiada” circular, se arroga o direito de assacar responsabilidades à organização, por tão “tremenda, condenável e dramática falha”, tecendo críticas despropositadas.
Também não quero perder tempo a analisar as atitudes persecutórias dos que, num passado recente e em anteriores eventos, tiveram posições menos próprias para com os elementos da organização, esquecendo que o facto de pertencerem à antiga comunidade escolar do Lobito não lhes confere direitos especiais e, muito menos, é tolerável que essas atitudes se situem no campo do insulto pessoal.
Não vou analisar o comportamento daqueles que insistem, de forma persistente, em estarem presentes num determinado convívio de um determinado ano, ou porque nada mais têm para fazer nesse dia, ou porque “está na moda e podem aparecer” e, nos anos subsequentes, primam pela ausência sem que tenham a amabilidade – que a educação lhes exige – de acusar a recepção da circular que lhes foi enviada. E sem sequer se dignarem pedir para que os retirem das listas.
Se fizesse todas estas análises perderia um pouco do meu precioso tempo. Prefiro deter-me numa análise bem mais profunda e, quiçá, mais adequada ao momento: aos daqueles que ainda não perceberam o contexto em que este convívio é realizado. Ao fazê-lo invisto, de bom gosto, algum do meu tempo livre, com o objectivo único de esclarecer os mais desatentos e os ainda renitentes.
Sendo certo que este convívio é um “prolongamento” dos convívios realizados pelos antigos professores e alunos da Escola Comercial do Lobito, desde 1983 – é justo reconhecer tal facto – não é menos verdade que não podemos viver eternamente agarrados ao passado, ignorando que há - e houve - uma natural evolução e que se mudaram os cenários e os contextos em que esse convívio passou a ser organizado. A evolução que mais destaque me merece foi a criação da AAPAL, pois mudou, de forma significativa, o enquadramento em que estes convívios passaram a ser realizados. Por agora existir uma estrutura, legalizada, que assumiu a responsabilidade de dar continuidade aos convívios.
Contudo, a AAPAL não foi criada para organizar este evento e muito menos se esgota com a sua realização. Seria extremamente redutor que assim fosse. A AAPAL foi criada numa perspectiva mais abrangente, essencialmente solidária e é nessa perspectiva que deve incidir o foco da nossa análise.
A AAPAL possui já um número significativo de associados, tem os seus objectivos bem definidos e a organização do convívio anual da comunidade escolar do Lobito é apenas uma consequência da herança que lhe foi outorgada, herança essa que não renega e que quer preservar, com o mesmo espírito e num justo tributo a quem lha transmitiu.
Com o número de associados que a AAPAL já possui podia perfeitamente realizar-se um convívio anual mais restrito, limitando-o aos seus associados e mantendo a mesma dimensão e simbolismo dos até aqui organizados, Mas tal configuraria uma situação selectiva e discriminatória para com os não associados, em suma o resto da antiga comunidade escolar lobitanga, o que, manifestamente, está nos antípodas do que se pretende. E, REPITO, a AAPAL quer manter vivo o espírito solidário que esteve na génese da sua criação. Mas, confesso, gostaria de ver associados ao projecto todos os restantes membros dessa antiga comunidade que dele ainda não se inteiraram, por manifesto comodismo ou por estranho desinteresse. Gostaria de sentir o retorno da mesma solidariedade com que a AAPAL se quer expressar. E não este alheamento por tudo o que não diga respeito apenas ao convívio anual. A AAPAL não é (apenas) o convívio.
Esse alheamento não confere aos não sócios quaisquer direitos especiais, nomeadamente o de questionarem a Comissão Organizadora acerca dos procedimentos que entende adoptar na preparação do convívio. Apenas aos sócios - e só a esses - tem a Comissão Organizadora do Convívio de prestar contas dos seus actos e apenas deles se aceita críticas ou o escrutínio ao trabalho realizado. Deste ou um outro qualquer que lhes seja outorgado. Desta ou qualquer outra missão que lhes seja confiada. E enquanto neles quiserem confiar. Por não quererem eternizar-se na sua estrutura e porque outros poderão fazer trabalho de mais qualidade.
Por tudo o que atrás foi dito e porque também não aceito que outros insultem, caluniem e subvertam o trabalho da comissão organizadora, feito muitas vezes – nunca é demais repeti-lo - em sacrifício das horas livres dos que a integram, de forma empenhada e desinteressada e com extrema carolice, apetece-me aqui utilizar, a propósito, uma expressão muito popularizada no teatro: “saia de cena quem não é de cena”.

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